Poente

Deito na cama com lençol de cem mil fios, olho o teto que precisa de pintura e lembro que você já vai chegar. Adormeço.

Acordo com um par de mãos quentes descendo pelas minhas costas frias e relaxadas. Penumbra no quarto, silêncio de pôr do sol. Uma luz avermelhada se esgueira pela janela, tecendo imagens na parede. É a luz do dia que vai sumindo detrás da silhueta do pão de açúcar e do Cristo redentor. Viro, te abraço, nos aconchegamos.

O jantar segue esfriando nas panelas, os gatos dormem no sofá. Não nos vestimos, não escolhemos um filme ou uma peça. Deito aninhada no seu peito enquanto você me conta como foi seu dia, pergunta do meu. Respondo baixinho. Uma conversa de sussurros, pequenos murmúrios e leves suspiros sonolentos começa e se encerra num sono bom que nos leva noite adentro.

Amanhã recomeçamos. Amor.